Rebanhão

Logo RebanhãoO Rebanhão gravou seu primeiro disco de vinil em 1981. A Banda foi batizada por Janires M. Manso, seu fundador. Janires iniciou os trabalhos em São Paulo, em 1979, gravando uma legendária fita k7 com músicas inéditas e revolucionárias. Na época Jesiel, Jerubal, irmãos da Jerusa Liasch, Carrá faziam parte da formação. A igreja do Tio Cássio e Tia Arlete foram o embrião do Rebanhão. Depois, em 1981, Janires se mudou para o Rio de Janeiro e começou a ensaiar na Igreja Presbiteriana de Copacabana, onde iniciou a formação do LP Mais Doce que O Mel.

O Rebanhão marcou época na música cristã do Brasil assumindo uma atitude moderna e inovadora, rompendo com as “quatro paredes” das igrejas, a banda conseguiu atingir audiências ecléticas e divulgar de forma marcante a música cristã. Se apresentando em locais até então pouco convencionais para grupos de origem evangélica, como praças públicas, escolas, presídios e praias, o Rebanhão foi a primeira banda evangélica a lotar palcos profissionais como o famoso Canecão, no Rio de Janeiro. Foi também a primeira banda gospel a assinar contrato com gravadoras multinacionais como a Polygram e a Warner. Com um repertório diverso, marcado por ritmos jovens e linguagem contemporânea, a banda quebrou paradigmas e contribuiu para a formação de uma nova identidade na música evangélica brasileira.

Mais Doce que o Mel LPA trajetória do Rebanhão é apontada como o marco inicial do movimento que deu origem à chamada música gospel brasileira. A banda é pioneira no rock cristão brasileiro: “o estilo ‘Rebanhão’ de ‘cantar para Deus’ fez história não só pelo sucesso e adesão dos jovens, o que já havia acontecido nos anos 70 com conjuntos musicais. Ele foi marcado pelo rompimento radical com o estilo tradicional musical evangélico. Radical aqui significa a adoção de ingredientes então considerados profanos para a musicalidade religiosa evangélica: linguagem, postura cênica, visual dos músicos, apresentação no estilo espetáculo (Rebanhão foi o primeiro grupo evangélico a se apresentar em casas de show, como o Canecão, no Rio de Janeiro)”, afirma a pesquisadora Magali do Nascimento Cunha. O destaque do Rebanhão no cenário da música cristã brasileira pode ser constatado também pela inserção do verbete “Rebanhão” no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, uma das principais obras de referência para os estudiosos da música no país.

Durante as décadas de 80 e 90, o Rebanhão se apresentou em todo o país, proporcionando uma experiência transformadora para milhares de cristãos que buscavam um novo caminho de vivência da fé. Embora tenha tido diferentes formações, a banda viveu um dos períodos mais produtivos e de maior reconhecimento público com a formação clássica, tendo à frente os músicos Carlinhos Félix, Pedro Braconnot e Paulo Marotta. Ao longo do tempo, cada um dos integrantes assumiu projetos pessoais que os afastaram da banda, e o Rebanhão encerrou as atividades no ano 2000, depois de ter se apresentado com diferentes formações.

O projeto “Rebanhão 35 Anos” é um revival histórico. O grupo foi responsável por uma verdadeira revolução musical na Igreja evangélica brasileira, levando a mensagem cristã para os ouvintes das novas gerações que se encontravam cada vez mais distantes dos púlpitos das igrejas. Lutando por esta causa, eles enfrentaram muitas críticas e a resistência de líderes que não aceitaram o novo estilo musical. Esta gravação dos 35 anos veio para marcar novamente outras gerações. É inevitável concluir que, sem a ousadia do Rebanhão, a música evangélica brasileira não teria alcançado o patamar que tem hoje.